Temos aqui um título meio óbvio para um canal que demonstra-se diverso a todo o tempo, mais conectado às pessoas possível. Porém, parece que a todo tempo revisitamos e somos revisitados pelas lembranças transformadoras da arte. Tomaremos a partir de agora uma voz em primeira pessoa, já que tratar-se-á de um texto com pegada autoral.
Quem fala aqui é a Kitty, uma das proprietárias da Átame, que dispensa apresentações e qualquer dúvida, pois demonstra-se bem clara em sua missão, visão, valores e propósitos(s). Já a autora que vos fala, é educadora, pesquisadora e veio ao mundo para se comunicar.
Senti vontade de escrever sobre esse encontro com o grafitti, que aconteceu no início de 2007, quando eu começava a coordenar um curso de Design em Volta Redonda. As experiências não se apagam da memória e a vivência que tivemos foi de pura imersão. Não posso falar por eles, mas por mim: tive a plena consciência de que educar é trocar, com certeza.
Já no começo do curso, com aquela turma cobaia, talentos iam sentindo-se atraídos. Confundindo-se com a história do curso de Design do UniFoa, construia-se ali uma cena do grafitti na cidade Volta Redonda, com outros artistas também, é claro, mas quatro deles vieram estudar Design. Sabíamos da promessa que estávamos fazendo, de dar asas à arte aplicada aos grandes projetos. Tínhamos que bancar isso a qualquer custo e derivaram-se das ações, grandes histórias, aliás, grandes amizades, além de outras demonstrações artísticas e culturais.
Tomamos a iniciativa de fazer uma exposição logo no primeiro ano e com certeza foi um sucesso! Fimando uma parceira duradoura com o Centro Cultural da Fundação CSN, juntamos os quatro cavaleiros e mais alguns estudiosos da arte. Alguns desses participantes vieram a cursar Design a posteriori, qualificando-se um pouco mais para enfrentar o mercado. Outros, vim a ter contato, pois eram estagiários, coordenadores ou monitores de arte naquele local. Sobre as Conversas e Grafismos, título dado à relatada exposição, grandes diálogos surgiram!
A exposição de Tommy, Bear, And e Dejah (codinomes utilizados por eles) serviu para que aprendêssemos a respeitar e apoiar a arte em qualquer instância. A reflexão era por trazer a arte das ruas para dentro da galeria para que fosse louvada. Porém, quem trabalha nesse métier, sabe o quão efêmero e político é o grafitti, pois provoca reflexões no ambiente aonde ele vive e relaciona-se com as pessoas. O artista está pronto para suscitar questões e também ser questionado, recobrando seu respeito pelas ruas, vivendo um código vivido por eles. Quanto mais colaborativo, mais dentro da cena.
É importante ressaltar que o espaço nas ruas é conquistado com muita luta! Viver da arte não é fácil! Agora, em posição de destaque, os próprios conquistadores povoam festivais, exercem funções combinadas com outras manifestações da arte e do Design, sendo solicitados a realizarem seus trabalhos no meio urbano e interno em residências e estabelecimentos comerciais. Conquistadores esses meninos, meus amigos talentosos, que sabem fazer frente aos seus ideais.
Hoje estou aqui em casa, com um belo espécime de Basquiat, pintado em spray sobre latinhas de alumínio, relembrando e vivenciando a importância de respeitar, antes mesmo de acreditar, pois a arte revigora, com certeza! Era muito prazeroso ver uma mistura de técnicas sendo exercidas por eles, experimentando o experimental, sobre diversos suportes, com expectativas de resultados diferentes. Uma eclosão de sentimentos re-despertados.
Poderia ficar aqui por horas escrevendo e saudando as pessoas que vieram e foram trazendo de si e deixando um pouco delas mesmas. Mas por enquanto, contemplo aqui uma metalinguagem na minha Meca, contemplando e aprendendo com a arte e a educação. Parabéns, rapazes, vocês venceram e vencem todo dia! É lindo ver em que vocês se transformaram!
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